A princípio, pode parecer uma grande incoerência, mas espero que meus
amigos entendam: ano novo, vida nova, encher-se de energias, empanturrar-se
de esperanças, acreditar que tudo vai
melhorar apesar das circunstâncias
adversas (que são dramáticas para os brasileiros que trabalham e pagam impostos
escorchantes), e eu comece 2015 falando de passado e lembrando um dos episódios
mais tristes, que marcaram minha vida profissional - a extinção do Caderno de
Turismo do jornal “Hoje em Dia”, de Belo Horizonte/MG, precipitadamente, em fins de 2013.
Era o Caderno de Turismo mais premiado do Brasil, talvez de toda a América Latina – mais de 25
diplomas, troféus, placas e medalhas
conferidas pelas principais entidades do exterior, reconhecendo sua
honestidade editorial, sua ética e seu nível superior de qualidade,
extrapolando as fronteiras brasileiras. Um Caderno produzido em Minas Gerais,
fora do poder e influência política e econômica do Rio e São Paulo, mas um
mineiro tipo exportação, enfrentando
grandes concorrentes igualmente respeitados e qualificados – só que
muito mais antigos no mercado.
Alguns dos oito Diplomas de Reconhecimento da Comissão Europeia de
Turismo foram entregues na Bélgica, Áustria, Escócia e Itália. Recebeu também
diplomas do Turismo de Portugal (IPT) e
da Região do Algarve; placa da Divisão
de Turismo da Flórida; troféu Golden
Circle Award da Marriott Corporation; três diplomas de Cidadão Honorário nos
Estados Unidos (Estado do Texas, Parques de Disney na Flórida e New
Orleans-Louisiana); e placa de
reconhecimento da U.S. Travel Association, a principal entidade do turismo
norte-americano..
Como único representante da Imprensa de Minas Gerais, e durante duas
décadas, esteve presente em alguns dos mais importantes eventos turísticos do
mundo – mais de 30 congressos International Pow Wow nos EUA; Florida Hudle, La
Cumbre, Gateway America e California Travel Market, também nos EUA; Bolsa de
Turismo de Lisboa; Feira ITB em Berlim; Germany Travel Markt em Mannheim; e
viagens oficiais da Maison de La France,
Visit Britain (BTA), Turismo de Portugal e outras entidades.
Tão respeitado e prestigiado, o Caderno recebeu convites das principais corporações do turismo internacional. Eram
sempre “pessoais e intransferíveis”ao editor,
mas pedi permissão aos anfitriões para repassá-los a colegas da Redação
do “Hoje em Dia”, sugerindo uma lista de 5 nomes, como prêmio ao seu desempenho
profissional (numa empresa jornalística caracterizada pelo Reconhecimento Zero)
e escolha do nome pela diretoria e chefia de Redação.O Caderno de Turismo se
comprometia a publicar uma matéria honesta e fiel, retratando a realidade de
cada lugar visitado, em vez da habitual prostituição de fazer matérias
elogiosas em troca de passagens, hotel e
comida de graça (tão em moda, infelizmente, naquela época como agora).
Foi assim que, nos anos 90 e início do novo milênio, 45 profissionais do
jornal fizeram sua primeira viagem ao exterior – para muitos deles, a primeira
e única até agora. Assim, puderam ganhar experiência internacional e conhecer
os Estados Unidos (mais de 20 viagens), pelo menos 15 nações da Europa, Canadá,
México, América do Sul, ilhas do Caribe, Canal do Panamá, pistas de esqui no
Chile e Argentina, resorts de Cancún e Punta Cana, Aruba e Curaçao, Cartagena, Cuba, parques
temáticos nos EUA, cruzeiros marítimos, Machu Picchu, deserto de Atacama.,
Bariloche, Punta del Este etc.
Importante lembrar que o Caderno de Turismo, em 26 anos de
existência, participou de dos principais
eventos do setor no Brasil, como congressos da Abav Nacional, Festival de
Turismo de Gramado (que viu nascer em 1988), Feira BNTM, Expohotel etc. E
acumulou diversos prêmios e placas de reconhecimento, como diploma de Amigodo
Rio (Riotur), Prêmio Imprensa de Turismo-PIT, placas da Abih Nacional e de Minas, placas da Abrasel e do Skal
Cub, placas do Maceió Convention Bureau,
do Turismo de Foz do Iguaçu e um honroso diploma de Cidadão Honorário de
Natal-RN, endossado pelo Governo do RN,
Prefeitura e mais de 10 entidades locais..
Fui editor por quase 18 anos, e mais seis anos como colunista e consultor, tendo me desligado do
jornal em dezembro de 2012. Não tendo vocação para coveiro, nem hábito de
carregar alça de caixão, senti que o Caderno de Turismo ia ficar cada vez
menor, por culpa da incompetência da
Diretoria Comercial do “Hoje em Dia”. Claro que o Caderno era viável
economicamente, bastava ter gente disposta a trabalhar. Fizemos algumas edições
especiais memoráveis, batendo
recordes. Detalhe importante:mais de 80%
dos anúncios eram conseguidos usando meu nome e prestígio, e os contatos da
publicidade cumpriam suas metas, mas
eu, como editor e pai da criança, tinha direito a participar do volume faturado, e nunca recebi nada.
Como vocês já devem ter concluído, esta é uma longa história e eu tenho
o direito de contá-la aqui no blog. O Caderno está fazendo tremenda falta ao
turismo de Minas, ainda mais agora, num ambiente de tantas dificuldades e
incertezas. Fazia críticas construtivas, dava sugestões, apontava caminhos – e era respeitado por sua
independência. Não devia nada a ninguém. Pagava todas as passagens (a TAP que o
diga), hotéis, locadoras, táxis, trens, restaurantes, barcos, navios, até
entrada em museus.
Acredito que o “Hoje em Dia”, felizmente em nova fase, sob a direção de
um grupo de comunicação poderoso e respeitado, tem condições de rever
aquela decisão tomada em fins de 2013 e
acabe decidindo que o Caderno de Turismo vai voltar a circular. Continua viável economicamente,
basta saber (e querer) trabalhar direito
Não haveria melhor presente para o turismo de Minas neste ano de 2015,
pois está havendo um verdadeiro festival de improvisação, incompetência e
amadorismo, em todos os níveis. Estão faltando idealismo, comprometimento,
vocação de servir, desprendimento. Chega de oportunismo e ganância. Chega de
aproveitadores.
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